Importante:

Importante: Este blog é propriedade intelectual do Rancho Folclórico e Etnográfico do Zagalho e Vale do Conde. A reprodução de qualquer conteúdo publicado sem as devidas referências é considerada plágio.

Historial

O Rancho Folclórico e Etnográfico do Zagalho e Vale do Conde foi fundado no ano de 1979, por iniciativa de três mulheres oriundas destas duas aldeias (da esquerda para a direita: Altina Carril, Lurdes Simões e Natália Marcelo) com o objectivo de recolher, proteger e divulgar as tradições, os usos e os costumes mais antigos do concelho de Penacova. Se no início da sua formação o grupo actuava apenas no seu local de origem, dois anos mais tarde, em 1981, fazia a sua primeira apresentação formal na Barragem da Aguieira, sendo já um fidedigno representante das actividades artesanais, trajes, danças e cantares do concelho de Penacova. Uma das principais recolhas a que se dedicou foi ao ciclo do linho, uma arte ancestral que está na origem de lindas e valiosas peças de roupa que o grupo ainda hoje possui preservadas. Este rancho foi o primeiro do seu concelho a filiar-se na Federação de Folclore Português. Actualmente é também membro do INATEL, do IPJ e da Associação de Folclore e Etnografia da Região do Mondego (AFERM). Ao longo dos seus trinta e dois anos de existência, este grupo já fez actuações por todo o país e na Ilha da Madeira. Realiza todos os anos o seu festival de folclore na aldeia do Zagalho e recria a tradicional malha dos cereais.



Grupo em 2004

Grupo em 2009

Ceifa e malha dos cereais


Hoje em dia temos a nossa vida muito facilitada no que diz respeito à aquisição de pão. Existem serviços de distribuição até mesmo nos meios mais pequenos, muitas vezes até deixamos o saquinho pendurado na porta para assim não termos de acordar mais cedo. Antigamente, para que este bem essencial não faltasse, era necessário pôr mãos à obra e começar a trabalhar logo em Novembro. Era durante este mês que se semeavam cereais como o centeio, o trigo, a cevada, a aveia ou o aveião. Seguidamente, era necessário aguardar que os cereais se desenvolvessem e só em Junho estavam prontos para ser colhidos no fim de secos. Dizia-se que "na quinta-feira da Ascensão, seca a raíz ao pão". Então, as mulheres juntavam-se e iam para os campos ceifar os cereais com as suas foices. Usavam chapéus de palha na cabeça e lenços atados nas abas destes para se protegerem do sol. As saias eram atalaiadas com cordas para não impedirem os seus movimentos. Eram feitos molhos do cereal e transportados para as eiras, sendo estendidos ao sol. De seguida, eram malhados à vara por homens e mulheres (ver vídeo). No fim de malhado era erguido ao vento, de forma a separar o mais possível o cereal das palhas. Estas eram usadas na alimentação dos animais e o cereal era guardado em grandes arcas de madeira, os arcazes. Parte do cereal, que era usada para alimentação, era lavada, seca e moída nos moinhos de vento ou nas moendas (moinhos de água do rio). Depois de transformado em farinha, estava pronto a confeccionar o pão, misturando a farinha de um dos cereais mencionados acima com farinha de milho e dando origem à tão característica broa de triga-milha ou broa de mistura. As fornadas de broa eram cozidas em fornos de lenha, a qual tinha que se ir acartar às serras anteriormente. O que sobrava era deixado para semente, ou seja, para semear posteriormente.

A ceifa:
Depois de fazerem o sinal da cruz (faziam-no sempre que principiavam uma tarefa) as mulheres ceifavam então o cereal, neste caso centeio.





















A começar a fazer o molho.












No regresso para casa a foice era colocada ao ombro.








A malha na eira:

Depois de colhido, o cereal (centeio) era disposto na eira e era malhado por trabalhadores contratados pelo "patrão". Os trabalhadores, que eram assalariados conforme o poder económico do patrão ou que  acordavam regime de troca, dispunham-se em torno do cereal estendido e, com as suas varas, batiam no mesmo num ritmo imposto por um dos trabalhadores. Enquanto isso, cabia às mulheres a preparação da merenda e o trabalho de varrer a eira de forma a juntar todo o cereal no seu centro. Terminada a malha, o cereal era separado da palha (que era posteriormente aproveitada para alimentar e fazer a cama ao gado). Seguidamente, o centeio era ainda deixado caír de um recipiente para outro, num local ventoso, de forma a que, pela acção do vento, as palhas que ainda persistissem se separassem dos grãos.




As palhas são sacudidas para que os grãos do cereal se desprendam.

As mulheres vão varrendo levemente as palhas, separando-as o mais possível do cereal.

No final, a merecida merenda.

Cantares aos Santos Populares - Eiras

Infelizmente não nos foi possível gravar a actuação mas aqui ficam algumas fotos tiradas antes dos Cantares aos Santos Populares, em Eiras, no dia 22 de Junho.